"Maria não é uma lembrança, Maria é uma presença", afirma arcebispo Dom Leomar

O ano de 2021 foi de novas lideranças para a Arquidiocese de Santa Maria. Em 15 de agosto, o novo arcebispo metropolitano de Santa Maria foi apresentado à comunidade. A posse canônica de Dom Leomar Antônio Brustolin ocorreu no Santuário Basílica de Nossa Senhora Medianeira. 

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O religioso sucedeu o atual bispo emérito Dom Hélio Adelar Rubert na missão de elevar cada vez mais o nome de Nossa Senhora Medianeira.

 
Em abril deste ano, ele foi eleito presidente da Regional 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tornando-se o responsável pela Igreja Católica no Rio Grande do Sul. A votação para a presidência ocorreu durante a 60ª Assembleia Geral da CNBB. 

Na oportunidade, Dom Leomar também foi escolhido como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética. Além disso, o arcebispo é presidente da comissão que atualiza as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (Dgae), dos anos de 2025 a 2027.

 
Mesmo com todas as responsabilidades, os olhares de Dom Leomar se voltam, cada vez mais, para os 80 anos da Romaria Estadual de Nossa Senhora Medianeira, que inicia nesta sexta-feira (10) e segue até domingo (12).

Diário – O senhor já esteve à frente de duas edições da romaria. Como foi essa experiência?

Dom Leomar Antônio Brustolin – Diria que foi a experiência de uma fé profunda. De um peregrino no meio de tantos outros, porque na hora que começa a grande procissão no domingo, ninguém é mais forte do que a imagem Dela. Nesta hora, eu me senti assim: totalmente filho Dela, caminhando com o povo. Se você é arcebispo, padre, leigo, religioso ou religiosa, se você é de longe ou de perto, grande ou pequeno, você é sempre filho. Na hora que começa a procissão, Ela comanda a caminhada.

Diário – No ano em que completa 80 anos, a romaria terá três dias de duração. Quais são as novidades que os santa-marienses podem esperar? 

Dom Leomar – Temos investido desde 2022 em hospitalidade e espiritualidade como motores da romaria. Hospitalidade é acolher as pessoas para que façam a experiência do encontro com Deus aqui em Santa Maria, pelas mãos da Medianeira. Se queremos hospedar melhor, é preciso acolher por mais dias. Por isso, começa hoje para que as pessoas se instalem aqui. Para que mesmo quem mora na região, possa sentir que, para uma festa grande dessas, um dia é pouco. É para ter mais tempo para ficar com a Mãe.

Diário – Aqui temos o Santuário Basílica de Nossa Senhora Medianeira, que são dois títulos conquistados em períodos diferentes. O que cada um significa?

 
Dom Leomar – Santuários, segundo a tradição da igreja, e também conforme o nosso direito canônico, são lugares reconhecidos onde as pessoas têm uma experiência especial com Deus por meio de devoção. No caso aqui, com Medianeira. Deve ser um lugar com frequente público, atendimento religioso diário, missa todos os dias e também confissão disponível. Ali, as pessoas devem relatar que alcançaram graças especiais. É um lugar que geralmente quem escolhe é Deus, as pessoas reconhecem e, no terceiro ato, a igreja formaliza. Basílica é um título reconhecido pela Santa Sé, pelo Vaticano, dizendo que este Santuário tem um reconhecimento internacional. Tem um reconhecimento do Papa. Basílica significa literalmente uma casa que está totalmente vinculada ao Santo Padre. Por isso, quem entra numa Basílica, sempre enxerga sinais do Vaticano. Aqui em Santa Maria, tivemos a primeira Basílica do RS. O primeiro Santuário a ser elevado à categoria de Basílica foi o de Medianeira. Neste ano, temos uma outra novidade e acho que é a primeira vez que eu falo nisso. Vamos colocar as duas insígnias que identificam que o lugar é Basílica. São dois sinais que estarão permanentes ali: o Tintinábulo e a Umbela. O Tintinábulo é um sino especial pequeno e a Umbela parece um guarda-chuva, mas que são símbolos do Papa.

Diário – O Santuário Basílica passa por reformas. O que está sendo feito?

Dom Leomar – Estamos dando continuidade a um grande plano diretor, porque temos um plano para uns 5 a 10 anos. Vamos fazendo de acordo com as possibilidades, os recursos e sabendo que o momento histórico também exige cuidado. Para 2023, teremos as seguintes novidades: no meio do ano, fizemos a reforma da cripta, que se tornou um espaço até para casamentos aqui em Santa Maria. O grande Santuário ficará mais para visitação. A segunda novidade é a pintura do Altar Monumento de forma monocromática e a colocação do Cristo Acolhedor, que estava na Basílica e foi agora para o Altar Monumento, dando um abraço às pessoas que chegam ao parque. A terceira novidade é a fonte de Nossa Senhora, que está no jardim da Mãe Medianeira. Um espaço próximo à Basílica onde as pessoas poderão sentar e ficar na sombra, escutando música e ali buscar a água benta. É um espaço grande, bonito e muito bem pensado. Finalmente, teremos também novidades no presbitério. Isto é, no espaço onde fica o Altar principal da Basílica. Todo fundo foi revestido de uma pedra chamada Branco de Jerusalém para fazer uma recordação ao texto bíblico, depois vai ser colocado uma escultura de Jesus Cristo. Nós chamamos de Cristo Total, porque é o Cristo em pé, na cruz e coroado. Serão colocados três vitrais muito grandes para dar continuidade com os vitrais do fundo. Essas são algumas novidades deste ano.

 
Diário – Para o senhor, o quão importante é o papel do fiel no reconhecimento a Medianeira? 

Dom Leomar – As pessoas têm muita sensibilidade a partir da experiência que fazem com as provações da vida. Dificilmente, quem é só cerebral, vai conseguir compreender essas questões que são muito maiores que a objetividade. É algo que muda a vida e o cotidiano. Por isso, os fiéis quando chegam perto Dela, relatam que sentiram um auxílio do céu. Recordo-me especialmente da questão dos doentes. Quando um doente está desenganado e o céu vem em socorro dele, ele se considera um renascido. Esses dias, eu estava na Basílica, rezando o terço na frente da imagem original e alguém chorava muito. A primeira impressão que eu tive é que a pessoa estava desesperada, porque estava sofrendo. Depois, eu tive a oportunidade de conversar com este fiel e ele disse: “estou chorando de gratidão, porque o que Ela fez é de gritar o valor que tem na minha vida”. Era um grito articulado de alegria, por meio do pranto, porque a graça foi grande. É isso que os fiéis fazem: testemunham que Maria não é uma lembrança. Maria é uma presença.

Diário – Enquanto arcebispo, qual é a expectativa para os 80 anos da Romaria Estadual de Nossa Senhora Medianeira?

Dom Leomar – É das melhores possíveis a partir de um dado que estou constatando. Uma novidade deste ano foram as quatro pré-romarias: uma em Vale Vêneto (São João do Polêsine), outra em São Pedro, outra em São Sepé e outra em Júlio de Castilhos. Onde vai a Imagem Peregrina, um grupo enorme sai de Santa Maria para acompanhá-la. Quando chega na cidade ou no lugarejo, está cheio de gente, repleta de fiéis que superlotam as igrejas para ver Nossa Senhora. Eu diria que a edição número 80 da romaria já é um sucesso pelas pré-romarias e o que vier depois vai aumentar muito a nossa alegria, porque, acima de tudo, é experiência de uma fé em tempos de grande crise. Pretendo fortalecer as orações nesse ano pela paz. Estamos vivendo um momento de muito conflito no mundo e precisamos que Nossa Senhora nos dê alguma luz para poder tornar este mundo melhor. Tenho certeza que esta edição vai ser uma súplica pela paz.

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